Durante este fim de semana, entre piadas de eu não conseguir engomar umas calças de linho da Oysho, apercebi-me que a marca está de estação para estação a perder cada vez mais a identidade. Partilhei este pensamento convosco e a resposta foi massiva e unanime; todas sentimos saudades da Oysho original. A que nos proporcionava conjuntos de lingerie delicados, com renda, com veludo, com tecidos mimosos e conjuntos de robes e pijamas de meninas-mulheres que precisam, porque precisamos, de alimentar o nosso lado sonhador.

Tínhamos pijamas, loungewear, meias, pantufas, necessaires de beleza e viagem, casacos de malha, luvas, gorros. Um sem fim de artigos femininos que, de facto, tinham um cariz muito próprio e um público muito fiel.
Depois, tínhamos também os biquínis e os fatos de banho e os vestidos de praia, mas este lado ainda não se perdeu por completo porque a marca ainda os faz. “Por frete”, mas faz.

Digo que faz por frete porque é notório o trajecto que a marca quer seguir: desporto. Não há qualquer dúvida nisto. Basta abrir a app, abrir um email da marca ou entrar numa loja. A última vez que entrei numa loja física deles fez ontem duas semanas; foi no shopping de Leiria e era só e somente artigos de desporto. Não havia nada mais, para além de um metro quadrado ao fundo, ao lado dos provadores, com cuecas e soutiens em cor nude e preto em material licrado, estilo “invisível” e cortado a laser.

Para onde foi a identidade da Oysho? Quem a decidiu chacinar assim? Quem achou que seria uma boa ideia tornar uma marca de loungewear, claramente muito feminina, num produto desportivo extremamente híbrido, sem qualquer carisma ou história.

Para além de tudo isto, podemos abordar o aumento absurdo dos preços? Se a Inditex queria tanto ter uma marca de desporto era fácil, criava uma de raíz. O que fizeram à Oysho mostra uma falta de consideração e empatia para com os clientes que tinham na marca, há mais de vinte anos, um porto seguro com que se mimar.

Mas será mesmo isto uma surpresa para nós? Não nos podemos esquecer do que a mesma empresa fez à sua marca Uterqüe, eliminando-a de vez sem dó nem piedade. E isto são pequenos avisos que a Inditex nos vai dando que se está a marimbar para o cliente (porque para os trabalhadores fabris já sabíamos faz tempo).

Começo e acabo na Oysho. Não esqueço as coleções temáticas, os pijamas e meias de Natal, queridos, mas sem serem juvenis. Não esqueço as mantas e as pantufas com orelhas. Isto não se faz. Bring our Oysho Back!!

xxx