E assim, do nada, Paris aconteceu uma semana depois da última publicação no blogue. E, nos entre (tantos), voltou a acontecer a Sardenha também e uma montanha-russa que tem composto este 2023. Poderia enumerar todos os detalhes que têm tornado este ano tão especialmente difícil, mas acho que, na verdade, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. E este ano tem sido desafiante. Tão desafiante que eu deixei de escrever e de alimentar este meu canto que tanto me preenche e estimo.
Sou lembrada, mensalmente, que tenho o servidor para pagar. E, também por isso, é-me impossível esquecer que o blogue existe. E depois há o factor hábito. Estava tão habituada a vir aqui semanalmente e a exorcizar os meus pensamentos, que quando comecei a ter medo de o fazer, parei.
É verdade. Dei comigo a querer escrever sobre temas mais complexos, mas a ter medo de o fazer. Vivemos numa bolha digital onde temos de caminhar com pezinhos de lã e um pânico de qualquer palavra aleatória ser um gatilho emotivo para a pessoa que está do outro lado. Sendo eu própria um gatilho emotivo em pessoa. Sinto que posso escrever e gozar sobre vários temas porque em qualquer valor quantitativo já passei por eles.
Mas isto são outras histórias. Histórias dentro de histórias, que levaram a um longo histórico de zero publicações durante 5 meses.
Se as palavras têm sido difíceis de soltar, as imagens já não tanto. Tem-me sido mais fácil comunicar através de imagens e por isso só agradeço a existência do Instagram, onde me podem acompanhar a um ritmo completamente impensável de ser real, em 2009, quando criei o blogue.

Este texto não é uma publicação. É um olá. (“iuhuuuu, oláaa!”) Volto amanhã, e voltarei todas as segundas-feiras, como era e será, outra vez, hábito. Se me apetecer escrever sobre temas mais complexos, escreverei para mim. Sejamos honestos, há sempre algo em que vamos discordar e isso é saudável, ou costumava ser. Agora queremos ser todos iguais, vestir todos o mesmo e pensar todos da mesma maneira. Que tédio que é existir assim. Aqui vou eu, loba solitária, lamber as feridas e seguir caminho.

xxx

.