Ora então, férias. O assunto que trago hoje será, provavelmente, muito  estranho para uns e fácil de entender para outros. Chega o verão e as pessoas acham que vir para aqui, para a aldeia, é vir de férias.  É verdade que durante muitos anos, na minha vida  adulta, vinha com amigas para a casa do meu avô, dias ou semanas a fio, aproveitar o campo, a piscina e os animais. Mas desde 2021, o cenário mudou. A casa dos meus avôs, antes só casa de férias, é onde habita agora o meu pai a tempo inteiro na sua merecida reforma. Vendeu a casa de Lisboa e veio para cá morar. Eu deixei a minha casa também de Lisboa (apenas arrendada, na freguesia da Estrela) e mudei-me definitivamente para o campo. Ou seja, moramos cá, é esta a nossa casa, onde o ambiente neutro de casa de férias desapareceu por completo.  Agora é o nosso espaço, onde estão as nossas coisas. Resumidamente: o nosso ninho. Para além de tudo isto, eu não vivo sozinha, vivo com o meu companheiro, o Hugo. Logo, a dinâmica mudou um bocadinho. Vivemos em casal e onde a intimidade e privacidade era super fixe poder existir também no verão e não só nos meses frios, quando ninguém quer cá pôr os pés ( e isto, sim, é triste)…

Já não tenho 25, já não gosto de dividir a bancada da cozinha e o comando do televisor e, acima de tudo, tratar de toda a logística “hotel” no pós-férias dos amigos. Lençóis, toalhas (de corpo e piscina), limpeza, camas de lavado, etc. Tenho a certeza de que amigas minhas vão ler isto e achar que estão a descobrir a pólvora, quando a pólvora esteve sempre em “modo fogo-de-artifício” e muito pouco camuflada, pois eu sou muito transparente.

Virem de férias para minha casa passa, automaticamente, a já não ser férias para mim. Viro hotel, com o intuito de receber, abdicar e conviver. Eu pareço um ser intragável ao escrever isto, mas acreditem que não o sou. Um amigo meu pode (e deve) sentir-se em casa na minha casa. Mas nesta equação existe a palavra convite. Tiveram férias sem ter existido convite. As pessoas impõe-se subtilmente, entre os pingos da chuva, e quando dou por mim, já tenho 2 pessoas cá enfiadas. E não estou a falar de um fim de semana, mas de uma ou duas semanas seguidas.

A minha mãe (o meu pai também, na verdade!) estão-me sempre a relembrar a importância da palavra “não” e o importante USO da mesma. Temos que saber dizer não, temos que conseguir dizer não, mesmo aos amigos. E, se eles o forem de verdade, aceitarão isso sem amuos. Mas o “não” é uma palavra tão difícil para mim…

Ora então, neste verão, desde junho, existi em “modo receber pessoas”. Houve, talvez, uma semana ali perdida no início de agosto em que não veio ninguém (por acaso veio, e ficou foi no meu pai). Mas percebem? Eu nunca tive verdadeiramente férias (paz/silêncio) e acho que o viver num local apelativo, não faz de mim, obrigatoriamente, um bed & breakfast open 24/7…

Desde amigas minhas, familiares, filhos do Hugo e outras pessoas mais, o meu verão foi assim: recheado de visitas. Por isso, as minhas férias, as minhas verdadeiras férias começam agora, com a nossa ida à Sardenha. 8 dias de férias puras, sem receber pessoas, sem fazer sala, sem tudo o que “receber” inclui.

Vocês, se estivessem no meu lugar iriam perceber a minha saturação, tenho a certeza disso!! Em boa verdade, tudo o que é demais enjoa e amigos, amigos, casas à parte. Se o meu verão de 2023 for semelhante a este, em 2024 esvazio a piscina (claro que não, mas chiuuu…) e ponho uma placa a dizer “fechados para férias”.

Espero que percebam o meu testemunho. Ou então não… e eu sou uma loba solitária a dar o seu último grito de saturação. Estou tão desejosa de aterrar em Itália e me sentir sozinha, só em casal, com o Hugo. Mereço isso, não mereço? Abraços a todas e até breve, porque o blogue voltou ao ativo e temas para serem falados, dissecados e explorados é o que não falta!! Adoro-vos!

(look total  & Other Stories)

“Aprendi que o julgamento alheio não é importante.

O que realmente importa é a paz interior”