O mundo a ruir e eu sentada, com o meu copo de vinho, pronta a escrever sobre um tema superficial. Ponderei não escrever um post para esta segunda-feira. Ponderei escrever apenas sobre assuntos sérios, mas a seriedade do tema não iria resolver nada. Não está em mim, está em todos. E, mesmo estando em todos, não está em nenhum senão num homem cujo nome todos sabemos e cuja importância renegamos.

O post de hoje é leve porque precisamos de alguma leveza neste dia 28 de fevereiro. O mundo traz-nos uma guerra em plena pandemia e traz-nos a certeza, absoluta, de que o Covid-19 não mudou a humanidade. Continuamos desajeitadamente humanos, egoístas e irresponsáveis. Continuamos humanos e nenhum vírus o mudará.

Quanto mais informação consumo, mais certeza tenho de que o que me formou e define não pertence a esta realidade. Sou feita de matéria alienígena, incapaz de conceber ações e comportamentos humanos como análogos. Mas, com toda a certeza, não sou só eu a senti-lo, a constatar e a sofrer uma realidade tão surreal e bizarra só comparável a um murro no estômago, seguido de uma sensação de impotência. Eu, por mais que tente, não poderei mudar o mundo. Olho para a Joana de 12 anos de idade e digo-lhe, a chorar, que não conseguimos mudar o mundo; que ele está como em 1994. Em 2022 as pessoas não se deslocam em carros com asas e o planeta Terra continua a mesma mixaria de dinheiro, poder e corrupção.

Já deram um abraço a alguém hoje? É que, corrosivamente, constatar a falta de humanidade, faz-me sentir mais altruísta e capaz (mesmo não o sendo). Quero abraçar os meus e os outros e dizer que vamos ficar todos bem. Vamos ficar todos bem. Temos de ficar todos bem.

Afinal não há post hoje. “Nós os Homens”… para a merda com os Homens; tragam-me cães, gatos e coelhos, tenho vergonha da minha espécie e renego pertencer-lhe. Sou um bicho.