Um dos temas que me foi sugerido para abordar aqui no blogue foi a questão dos posts patrocinados no Instagram. Ora, sabem-me criadora de conteúdos, e como tal, é complexo escrever sobre algo no qual estou entranhada até ao queixo!

Será eticamente correcto fazer publicidade sem o mencionar de forma clara e transparente? E mais, tendo uma plataforma online com alguma exposição, será a oferta de produtos obrigatória ser também esclarecida com a audiência? Questões diferentes e, como tal, respostas diferentes.

Vamos por partes; posts patrocinados. Estes deviam ser sempre, sempre, identificados; eu nem acho necessário os clichés de #pub. Mas eu sou demasiado punk para estas coisas. Para mim, basta dizer “parceria”, “trabalho em parceria com”, não sei, algo que transmita a verdadeira natureza do conteúdo. Algo que demonstre que o que estamos a consumir é, de facto, um usufruto de ambas as partes: da marca e do influenciador. Se eu vejo a inflenciadora X ir ao Amoreiras fazer compras e dizer que é lá que a Black Friday é mais cool, então é bom que tenha uma legenda ou algo que seja evidente que é trabalho. Contudo, e não sei porquê, há uma associação negativa a esta palavra: publicidade. Porquê? Os influenciadores precisam de fazer dinheiro. Ter trabalhos pagos é excelente; haver respeito pela criação de conteúdo idem. Nunca vi problema algum nisto, mas só aplico esta máxima quando sei, porque todas sabemos, quando é um trabalho honesto. Porque se eu for ao Colombo fazer 3 stories para a Black Friday, vocês sabem que aquele hashtag de PUB ou parceria faz todo o sentido e está de acordo com o meu conteúdo habitual. Porque comprar roupa é o meu cardio. Também neste serviço precisamos de bons profissionais. O que é ser um bom profissional nas redes sociais? Ah pois é… coerência. A falta de coerência, a falta de honestidade traz consigo alguma desconsideração. Exemplos: excesso de conteúdos patrocinados e de inúmeras áreas. É chocolates, é cafés, é skincare, é Prozis, é McDonalds, é a merda dos posters da Desenio. Na verdade, precisamos de tudo isto. Precisamos de café (bem, nem todos; eu muito…), precisamos de decorar a casa, etc etc. Mas quando o conteúdo é saturado de publicidade, deixamos de estar a seguir uma pessoa para passarmos a seguir um anúncio digital com pernas. Pessoalmente, não tenho paciência e não sigo ninguém que o faça. Não consigo fazê-lo. Primeiro, porque perco o respeito por alguém que trabalhando na área da criatividade se recuse a criar sem ser remunerado. A criação tem de fluir com ou sem patrocínios. Vão para a rua e olhem o céu, peguem no vosso gato e tirem uma selfie. Podem fazer tudo isto sem ter uma marca de ténis ou uma marca de comida de animal associados. Sejam mais livres. Eu posso falar disto com alguma frieza porque, de facto, sinto na pele a falta de valor que há associada a pequenos influenciadores, que tão bem “trabalham” e nada recebem. As pessoas consomem todas o mesmo, querem todas o mesmo, ver os mesmos, as mesmas caras, as mesmas marcas, a mesma validação. Que se foda a validação. Mas validação do quê?! Se pessoa X usa, então é cool e eu vou usar também? A maior parte das pessoas X são meramente pessoas com pouco gosto, pouca cultura visual e muita, muita força de vontade. E, por isso, chegam longe.

Posso-vos dizer que já fiz posts pagos e que nem sempre pus o PUB. Porque estou nisto desde o tempo em que éramos 7 e a ideia de fazer dinheiro digitalmente era só, ainda, bizarra. Mas nos últimos anos, tudo o que é pago é revelado. Ainda no outro dia me viram a dizer que ia fazer parte da família da Desigual e que iria começar a trabalhar com a marca. Até vos falei de minha hesitação, pois não entrava numa loja deles há imensos anos! Eu comunico, com muita clareza, tudo o que partilho. E vocês sabem, sabem quando recebo produtos e os mostro e quando faço stories de recebidos. Mas aqui entra já outro tema, que é o das ofertas.

Será obrigatório declarar que certo artigo foi oferta? Eu faço-o sempre, primeiro porque ADORO receber presentes das marcas; segundo, porque só partilho com o que, de facto, me identifico. Imaginam, obviamente, a quantidade de coisas que já recebi e às quais nunca dei vida digital. Não dei porque não consigo fingir, nem quero fazê-lo.
Sabem perfeitamente que uso Nuxe, Benefit, produtos Sephora, etc etc, e que os recebo; eu mostro-vos o momento da recepção e mostro-vos, estilo Big Brother Show, o uso e o carinho que tenho com as marcas que comunico. E, quem me segue sabe que foi tudo oferta e que eu vibrei de emoção porque, de facto, são as minhas marcas de eleição. Mas se, do nada, vos começar a pôr posts com uma embalagem da Prozis ao lado e sem nenhum hastag, meninas, liguem ao 112 porque fui raptada e estou a ser vítima de captura. Percebem a minha ironia, mas no fundo o que quero transmitir com isto é que eu só posso falar por mim. E eu sou coerente, sempre. Sem excepção alguma.

Para além dos produtos, temos o tema do vestuário. Se uma marca me enviar roupa, eu tenho de dizer que foi oferta? Então e se eu gostar mesmo, se eu gostar tanto que até comprei mais? Tenho de dizer a que foi oferta e a que não foi? Isto acontece-me com as Melissas, por exemplo. Recebi um par no verão e comprei 4. Mas achei que foi notório, na maneira como comuniquei, as que, de facto, foram oferta. Mesmo assim, depois de todos os vossos testemunhos, muito fiquei a pensar. Será que consigo ser ainda mais transparente; dizer quando foi oferta e dizer quando foi comprado? Posso até usar a expressão “presente” da marca. Porque, na verdade, é o que é, um presente. Reparei que é algo que incomoda bastante para quem “apenas” consome e não cria conteúdo, a questão das ofertas.

Muito do que vêem é oferta. Mas, também aqui, depende muito da idade, acho que isto acontece mais com as influenciadoras mais jovens e as parcerias com a Missguided e os hashtags Babes of Missguided e marcas e comunicação dentro desta onda. Comigo, infelizmente, roupa não me dão muita. A & Other Stories nunca me deu um par de luvas, nem a Bimba Y Lola me deu um porta-moedas. Mas eu não me importo de partilhar e pôr tags e tudo o mais porque é isso que me leva a fazer o que eu faço; inspirar-vos a comprar coisas bonitas, a porem-se bonitas. Não partilho pelas marcas, mas por e para vocês.

O digital é mesmo a minha praia, eu amo o que faço. Adoro o que faço. Fico feliz de saber que vos incentivei a comprar “aquelas” botas, ou aquele óleo Nuxe e, cof cof, que se lembrem de mim sempre que os usem.

Criei uma comunidade antes da comunidade ser criada. Tenho o blogue desde 2009, desculpem-me se sentem que não vos sou transparente nalguma situação e venham ter comigo nas DMs, falem comigo, eu não sou perfeita, muito pelo contrário. Sou humana e todos os dias tento ser melhor, mesmo que seja só a partilhar sapatos e balaclavas! Quero ver-vos a sorrir e com a carteira a gritar : ) vamos todas unir-nos mais e ser menos críticas. Vou tentar ser ainda mais transparente de ora avante. Continuem comigo a conversa no IG. Até lá, tenham uma ótima quinta-feira, cheia de luz, muita luz, a do sol e a nossa!

Óculos Stella McCartney, Carteira Bimba Y Lola

(ambos comprados por mim) ahahah