Do que mais gosto nisto de fazer anos no início do ano é a metáfora (perfeita) que a mesma simboliza. Tudo recomeça, faço um Ctrl+Alt+Del e reinicio tudo de uma vez só: um novo ano e uma nova idade.
Mais um 7 de janeiro passado rodeada dos que mais amo. Mesmo sem uma grande festa e sem viagens, consegui preencher o meu dia de alegrias, mimos e o bolo mais lindo!! Muitos foram os desejos de felicidade, amor, saúde, abraços virtuais e mais de 200 mensagens recebidas, algumas, ainda por responder. Sinto-me uma sortuda. No meio de um pandemia, consegui ter um aniversário digno de ser lembrado, relembrado e a repetir.
Entre mil presentes de mim para mim, dos meus pais e namorado, recebi o maior de todos através de uma surpresa que uma de vocês me fez. Acreditem, não consigo descrever a emoção que foi saber que alguém tão longe, que nunca me viu, mas que sei que me conhece a alma, me ofereceu 2 presentes da & Other Stories sabendo ser a minha loja preferida. É o acto, é o gesto, é o carinho, é a partilha. As vossas palavras são, obviamente, o melhor dos presentes; contudo, parece-me hipócrita negar o impacto positivo que este gesto teve em mim. Obrigada.

Continuando a narrativa do meu dia, que acham do meu vestido super Coven, super American Horror Story, super bruxa suprema? É que por mais que nos seja pedido, exigido e esperado que fiquémos em casa, a minha vontade de me vestir e enfeitar cresce de dia para dia. O que me importa que me vista para apenas ir comprar o pão, bananas e água? O que me importa que não seja para mais evento algum que apenas o evento que é existir? Demasiado poético? Fiquem comigo: desde março de 2020 que fomos obrigados a repensar em tudo o que conhecíamos como normal até então. Se primeiro enfrentei a pandemia com medo e mágoa, agora, encaro-a como um teste à humanidade e à nossa resiliência. Já não quero ficar em roupa lounge o dia todo. Não quero passar o inverno de 2021 a ver séries no sofá, com calças de fato de treino e o cabelo apanhado. Quero isso também, como quis sempre, mas não quero só isso. Principalmente, não quero que isso defina o meu início de ano. O arranjar-me para mim, para vocês também, o tirar fotografias, escrever, partilhar, dá-me um propósito e sentido de compromisso e rotina.

Acho que no limite, talvez seja mesmo isso, a rotina. Arranjar-me é a minha rotina. Cuidar de mim e incentivar-vos ao mesmo é a minha sensatez a agir e a mostrar-me que somos o que queremos ser e fazemos o que queremos fazer porque a mente deve ser forte e resistir. Resistir à preguiça, resistir ao medo e resistir a vontade de abraçar a ideia de “o que interessa a moda em tempos como este”? Ora bem, a moda sempre andou de mãos dadas com os acontecimentos históricos, sejam eles, por exemplo,  a guerra e a doença. E, para nosso mal, este vírus, é a união deste 2 entre si.

Se pensarmos em moda, pensamos em mudança, em invenção, em interpretação. Não estou a incentivar ao consumo, apesar de o continuar a fazer; estou a incentivar a reinvenção do nosso estilo, da nossa percepção da realidade. Claramente, a sociedade vai sofrer um impacto gigante na sua economia mas tal não tem de se estender à nossa criatividade. Em tempos como este, todas as formas de expressão humana que envolvam criatividade devem provocar e promover a imaginação e a libertação da mente.
A música não parou de ser escrita, e composta, por os concertos não acontecerem. A vida não para e por mais morte e tragédia nos chegue televisor e telefone adentro, cabe aos que não são abalados directamente pelo mesmo agir e continuar. Seja de que forma for: a criar, a cantar, a viver. Que 2021 não seja mais um ano de lamúrias (quase) ocas dos afortunados que continuam a ter um tecto, uma cama quente (e um roupeiro para sonhar). Somos mais que lamúria; somos história e estamos não só a escrevê-la como também a vivê-la. Agora.

 

e feliz Ano Novo babes!!!! 😊

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