Se eu estivesse a fazer o isolamento social em minha casa, o meu closet já teria sido reduzido para metade. Parece exagero, mas este tempo todo extra permite-nos um autoconhecimento profundo e claro da nossa pessoa. Começo por falar em roupa mas esta transformação aplica-se a vários pontos da minha vida. E optei começar pela roupa por ser o tema mais leve e fun, para eu escrever e desassociar-me desta tarde escura de chuva e trovoada.
Com todo este free time ou boring time (pick one), o que não falta são oportunidades para reavaliar o nosso roupeiro e fotografar e vender online o que já não nos faz sentido ter connosco. E não porque do nada todas as minhas peças se tenham tornado feias, apenas já não são uma extensão da minha pessoa e muitas não reflectem o meu mood mais deep e real. A sua substância deixou de fazer ressonância com a minha e, cada vez mais, menos é melhor.

Razões pelas quais me desapego de roupa: Número um e o mais importante, deixaram de me dizer algo. Como referi em cima, é essencial que a minha roupa seja o reflexo do meu eu. Mas, muitas vezes, o desinteresse pode surgir por excesso de uso, mau fitting ou mesmo deixar de servir. Outras vezes, e cada vez mais, é a má qualidade da peça que me faz optar por dar ou vender a mesma. Tanto os materiais como o corte em si são pormenores que estão mais presentes na altura de me vestir.
Dou comigo a ter peças antigas ainda a uso, assim como, uma quantidade considerável de roupa vintage porque considero o seu corte e materiais mais eternos. Outra coisa que faço muito, é adaptar a roupa ao meu corpo. Um S é apenas um tamanho standard, e não assenta de igual forma em todos os corpos que vestem S porque todos os nossos corpos são únicos e singulares. Eu não me importo de gastar dinheiro extra para adaptar uma peça que gosto muito e a tornar, literalmente, feita para o meu corpo.

Conseguem acreditar que o meu closet já foi assim?!

E não pergunto isto por achar que esteja cheio, até ao tecto, de coisas que desgoste. É apenas uma quantidade absurda de roupa que, na verdade, eu não usava e por isso a fui vendendo ao longo dos tempos.
Sinto uma enorme evolução no meu estilo pessoal nos últimos 8 anos. Não me guio por marcas. Combino marcas mais caras com outras mais mainstream como a Monki e a & Other Stories. Continuo a comprar Zara mesmo que muito, muito pouco. Apenas agora já não compro 5 da mesma cor nem 6 vestidos na Topshop só porque tenho um vale de 50% off. Uso esse vale para comprar 1 ou 2 mais caros e com melhores cortes do que 6 ou 7 mais baratos mas completamente irrelevantes no meu closet.

Ultimamente tenho tentado comprar coisas que acho que consigo cruzar com todas as estações do ano e, especialmente, de ano para ano sem ficarem fora de moda. Tenho comprado pouco mas bom e tenho-me dedicado a reinventar o meu closet e a “comprar” dentro do mesmo e a descobrir novas maneiras de explorar e combinar diferentes peças. Jumpers em cima de vestidos, ténis com meias e vestidos florais, look todo preto com um casaco colorido. No fundo, ter trazido pouca roupa comigo para o isolamento social fez com que tivesse, à força, um capsule wardrobe com o qual me tenho de desembaraçar e ser criativa. Verdade mais verdadeira? Estou a amar!! Sinto falta de 4 ou 5 coisas mas nada mais. Se eu soubesse que este truque me iria facilitar tanto o styling e a escolha de outfit, teria feito um guarda-roupa cápsula desde os meus 17.

Por isso, quando voltar a ter acesso ao meu querido e recheado quarto repleto de roupa, vou fazer uma limpeza extrema e dedicar-me a ter só o que amo. E como eu sei bem quais são essas peças! São as vintage, são as loucas, são as únicas e especiais mas são também os básicos clean que me permitem fluir entre estilos e moods e são as peças que gritam I’m a french girl no campo, rodeada de malmequeres mas a ouvir metal. É este o meu eternal mood. E estou feliz que ele me tenha encontrado.

Mal posso esperar para reconstruir o meu closet!!