No post de hoje, trago-vos um update de um tema que fui falando muito no Verão. Vamos falar sobre a imagem corporal e sobre os meus distúrbios alimentares e em como estes condicionam a minha vida e, no caso do blog, o meu estilo e a forma de encarar a minha aparência.
O ter perdido a pele bronzeada (que acreditem que faz diferença) e não conseguir aumentar de peso fazem com que, muitas vezes, a minha moral não seja a mais alta. É difícil encarar o espelho, com a cabeça erguida, quando nele está reflectida uma cara muito magra e pálida acompanhada de um corpo que veste quase 2 tamanhos abaixo do que vestia há 1 ano atrás.
Partilhei com vocês neste post a minha batalha com a comida. Revelei-vos os meus constantes dilemas com o acto de comer, com a fraca capacidade de ultrapassar a mais básica das actividades humanas. É verdade, não me privo de comer determinadas coisas, não sigo dietas, mas não consigo fazer um refeição sentada, não consigo fazer uma refeição normal. Em sociedade, não me sinto normal.
A roupa sempre foi uma arma e um escudo, o escudo perfeito para encarar o mundo. Mas, de momento, vejo-me a ter na roupa mais um stress e motivo de ansiedade do que propriamente prazer. As camisolas e alguns vestidos servem-me, os casacos também. Mas tudo o que é calças e saias está a ser comprado de novo um tamanho abaixo. Gastar dinheiro em coisas que já temos é frustrante. E o mais frustrante? Eu não conseguir ter só 1 exemplar. Eu não consigo ter só uns mom jeans no novo tamanho. Tenho de ter 3, em lavagens diferentes. Tenho de comprar outro estilo, outras cores. A minha personalidade é excessiva, eu sou excessiva e isto traz consigo uma falta de controlo que gera obviamente mais ansiedade. Et voilà, dou comigo a ter 2 guarda-roupas paralelos, com roupas repetidas, com muitas dúvidas se deveria apenas parar de comprar e se conseguiria, finalmente, ter um capsule wardrobe somente com as peças essenciais.
Escrevo isto e acabei de comprar, há dias, 5 calças na Topshop, todas em tom castanho e camel. Comprei básicos e obriguei-me a fazê-lo. Devo confessar que comprar roupa por obrigação não é assim muito fun ou eu apenas não estou acostumada a esse registo. Seja por mimo ou vaidade, sempre encarei o acto de comprar como self-love e nunca como uma necessidade.
Muitos são os testemunhos de pessoas que não conseguem emagrecer e em como os kg extra são tema de conversa sem ninguém o querer. Acontece o mesmo com a magreza. O “estás tão magra” é acompanhado de uma pausa denunciante de preocupação e o coração bate e acelera a cada olhar dos que nos conhecem e sabem que estamos diferentes.
Nenhum corpo é matéria estagnada. Em constante transformação, tento, todos os dias ser grata, agradecer todas as bênçãos que tenho ao meu redor. Há dias que é fácil e há outros que é difícil, é mesmo muito difícil. E sair de casa também o é. A minha ansiedade dispara de cada vez que tenho de conviver com os que não são os do meu ninho. Não sei como vos explicar, porque eu não estou deprimida, estou até numa página 100% positiva e cheia de amor. Mas eu já nem lojas tenho verdadeiro prazer em frequentar. Prefiro e faço 90% das compras online, mesmo havendo uma Mango a 1km de distância. E pergunto-me se eu já sou assim ou apenas estou assim?
Uma questão pertinente em estar a filtrar a roupa que não me serve é decidir que peças guardar para um amanhã em que posso voltar a usar um 36, e que peças dar e vender. É interessante aperceber-me que guardei 20 pares de calças de ganga e que guardei apenas duas mãos cheia de saias. Tudo o resto foi embora. É curioso aperceber-me de como há peças que vão sempre fazer sentido e em como há outras que, mesmo que volte a entrar nelas, já não fazem sentido algum. Sejam estas saias metalizadas ou com cortes muito distintivos, a verdade é que são os clássicos (mesmo os clássicos dentro do alternativo) que permanecem e que escolhi guardar.
Com a necessidade de adquirir partes debaixo versáteis, dei comigo, como vos mencionei parágrafos acima, a comprar somente básicos. Comprei 3 mom jeans, 2 pares de straight jeans e 5 calças em tons castanho. E pronto, decidi que não podia mesmo comprar mais, e que iria tentar ter só estas calças para esta Estação. E eu sei, eu sei, que mesmo assim comprei 10 pares. Mas atentem, antes deste processo eu tinha umas 70, por isso… Parece-me um copo meio-cheio.
O que eu espero nesta nova fase, em que de facto me vejo com menos opções de peças para coordenar com as, ainda muitas, camisolas que tenho, é muito simples. Espero conseguir poupar-me ao tormento (verdadeiro) que é escolher o que vestir rodeada de mil opções aleatórias e fruto de compras impulsivas. Já não tenho infinitas opções à vista. O que não me serve, e decidi manter, está guardado bem fundo nas prateleiras de cima e tapado com outras peças. E o que tenho em fácil acesso é simplesmente aquilo que me serve e uso. Este processo poupa tempo, paciência e evita a fadiga mental que é a escolha.
Nas fotografias abaixo estou a usar umas joggers camel, da última compra da Topshop, estou rodeada de paz e, com toda a certeza, de amor. Aos poucos vou tentando ser menos dura comigo. Aceitar que sim, estou mais magra, mas que isso não tem de me definir ou anular. Gosto de sonhar e planear um futuro, mas é no presente que vivo por inteiro. Um Carpe Diem constante e uma única certeza, eu sou mais eu no campo.
Camisola & Other Stories/ Calças Topshop
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