O tema de hoje é a originalidade. Não há tema mais falado ou controverso, será que ainda há espaço para algo realmente genuíno e autêntico, será que já não foi mesmo tudo inventado e nos limitamos a recriar, diariamente, coisas que já vimos, absorvemos e assimilámos ontem, há 2 dias ou há 20 anos. No limite, será que tudo o que somos é mesmo só uma recriação de algo ou de muitos alguns?

Comecemos pela adolescência, vamos mesmo voltar atrás no tempo, de volta ao liceu e aos grupos, nichos e movimentos. Fossemos do Brit Pop, do Grunge, do Gótico, betinhos, do Punk, Hello Kitty Madness…. Havia, com toda a certeza, algum elemento extremamente predominante na maneira como nos vestiamos e agiamos socialmente. Era impossível não associar este estilo pessoal ao estilo de música que ouviamos. Era simplesmente assim nos 90’s, que é a única época que posso falar por experiência própria. Os meus anos de liceu foram daí até ao início do novo milénio. E podem crer que se nos vestíssemos de determinada maneira era puramente por inspirações musicais. Como não havia o poder generalizado da internet, ninguém na verdade tinha emails nem comprava online, a única maneira de nos vestirmos de forma diferente era costumizando  a própria roupa com as próprias mãos ou com a ajuda de uma tia ou costureira faaab. Tínhamos também a Feira da Ladra, a loja 67 nos Restauradores e, obviamente, pequenas lojas em pequenos shoppings all over the suburbs.

Os subúrbios… ! Crescer nos subúrbios de Lisboa e andar numa escola pública é, por si só, uma escola da vida. Numa turma, tínhamos desde o mais rico, com casa com piscina e jardim, ao mais pobre, que vivia a 400m num bairro social. E mesmo assim, o dinheiro e a classe social nunca foram determinantes na questão de estilo. Porque estilo não é sinónimo de poder económico nem de status. Apenas se tem ou não. Apenas se é extraordinário e criativo, ou se é vulgar e comum.

Todos queríamos pertencer a algum grupo, mas todos tínhamos a nossa identidade. Fosse a imitar o Kurt ou o Axel Rose, a originalidade era deveras intensa. Não havia, também, a blogosfera. Não havia isto do outfit of the day, dos Tumblrs, MySpace ou Instagram. Mas havendo, hoje, isto tudo, parece que as pessoas se imitam mais e se reinventam menos.
Ok que temos todas as mesmas botas da Zara, mas precisamos mesmo de as usar da mesma forma, com o mesmo styling, e muitas vezes, copiando o próprio manequim da loja? Será este novo movimento de copy paste um carimbo de aceitação social de um “eu também tenho” e mais ainda, “esta fórmula resulta e é cool”?!
Será a aceitação social e o status o que nos move? Toda uma Instagram Life necessária para nos sentirmos incluídos?

Eu falo no plural, porque eu própria adiro a trends, compro o que gosto sem pensar que A, B ou C já tem. Mas na realidade, nunca consegui ou conseguirei copiar na íntegra algo ou alguém sem pôr um cunho extremamente meu. E mais, sem dar créditos à fonte de inspiração.
Eu talvez leve isto da criatividade muito a fundo porque não tenho problemas maiores. Podem ser imensos os factores que me levam a observar e reflectir sobre este assunto, mas há um muito específico.

Continuemos então, que assunto é esse? Os Ícones vazios e a idolatração de tudo o que não interessa e é mesmo desprovido de conteúdo. Pergunto-me, como pode alguém ter uma Kylie Jenner como ídolo. Que futuro tem uma geração que idolatra e imita quem nada trás de inspirador, bonito, puro, excitante ou desafiante para a humanidade. Honey, cirurgia plástica é desafiante, I know… Been there! Mas há mais na vida que lip injections e selfies. Há mais na vida que o vazio que estes novos ídolos transmitem. Assusta-me pensar onde vai “isto” dar e acabar. Não precisamos de voltar atrás no tempo e ter a Courtney Love como musa e escrever poemas enquanto desejamos paz no mundo, ESQUEÇAM, acho que precisamos mesmo de mais Courtneys (meramente figurativa) , mais poesia e paz no mundo. Falta Magia, inocência e faltam valores. Falta tanta coisa que daria tema para outro post.
Mas agora muito a sério, não há nada mais bonito e inspirador que a nossa essência, e procurá-la pode ser desafiante, mas é a chave para a revolução que é existir.

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