Depois do concerto dos Queen Of The Stone Age (QOTSA) em Lisboa, decidimos que queríamos voltar a sentir esta adrenalina, esta sensação de se estar vivo e a vibrar enquanto a nossa banda actua e nos faz voltar à adolescência, onde o mundo é infinito, mágico e as estrelas de rock são deuses pelos quais rezamos ao som das suas melodias.

Decidimos então repetir a experiência e voltar a ver os QOTSA. A escolha de Amesterdão foi fácil. Era um destino que tanto eu como o Hugo nunca tínhamos visitado, logo, seria uma novidade dupla para os dois: ir a um concerto no estrangeiro e numa cidade na qual nunca tínhamos estado.

A partir daqui vou começar a escrever no singular, sendo, contudo, sempre uma opinião consistente e partilhada enquanto casal do início ao fim.

Não tinha muitas expectativas para a cidade. Nem boas, nem más. Para mim, era mais uma cidade do norte da Europa onde chove muito e há muitas bicicletas. Vocês sabem, todos os clichés.
Reservei um hotel bom e a 4km do centro sempre com o pensamento “Viemos para ver o concerto! No tempo extra, apanha-se um Uber para o centro e faz-se tudo a pé”. Como ia eu enganada. Apanhar um Uber revelou-se não só ser uma missão quase impossível, como em extinção. Eu estava no futuro e não sabia. Não gosto de arranjar desculpas, assumo sempre os meus erros, se os fiz, fiz. E fiz. Mas atentem, eu estive o tempo todo, desde que aterrei até 3 dias depois de estar em Portugal, com uma enxaqueca persistente e que, quer se queira quer não, estorva e tira o discernimento prático de decisões elementares como, por exemplo, apanhar o metro. “Perder” tempo a analisar a linha do metro pareceu-me insustentável na altura, porque o era (com a chuva extrema e a enxaqueca). Eu quando viajo, até prefiro usar os transportes públicos e, desta vez, fui bastante comodista… na cidade onde a rede de transportes públicos nos leva a todo o lado!

É quase sempre assim, se vamos sem expectativas vamos gostar. Eu não posso afirmar sequer que gostei, estaria a recorrer a um eufemismo. Adorei em demasia. A cidade fascinou-me por completo. Vamos pôr as coisas desta forma: se eu tivesse 19 anos de idade, emigrava sem hesitar.

O que mais me fascinou? O civismo. E não no sentido do civismo robótico de uma Suíça, mas um civismo natural de uma população feliz, que vive bem e que é genuinamente simpática. Nunca me senti tão em casa fora de casa. Uma cidade limpa, segura, com as melhores lojas do mundo. Desde as lojas em que costumo comprar online, a pequenas boutiques vintage que parecem desenhadas para uma pintura exemplar.

Quase não há, de facto, carros. As pessoas deslocam-se de bicicleta e usam os transportes públicos. A cidade é limpa em todos os sentidos, incluindo o sonoro. Em boa verdade, não senti o stress típico de Paris ou Lisboa. E, rapidamente, percebi que isso se devia à quase inexistência de automóveis.

Teríamos alongado a nossa estadia, não fosse a chuva intensa. É com toda a certeza um destino a repetir. Quero ir a Amesterdão na primavera. Quero vê-la em flor, aventurar-me numa bicicleta e correr 3 museus numa tarde, seguido de uma bebida quente num qualquer café junto a um canal. Amesterdão, que surpresa!!

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