Quando a primeira temporada da And Just Like That… saiu, falei-vos da felicidade que senti ao ter de novo a minha Carrie no pequeno ecrã e de como tinha chorado com a morte do Big.

Não me alonguei muito mais, mas nesta segunda volta, vem tudo cá para fora. Se a primeira temporada estava só mal escrita, com piadas forçadas e excesso de personagens, a segunda foi a gota de água. E porquê? Porque algures no episódio 8, eu senti mesmo que estava a ver O Sexo e a Cidade. E depois caiu tudo por terra.

É uma série de culto por algum motivo mais que os coordenados das personagens. O enredo, a sua escrita inteligente, o humor… tudo se voltou a encontrar algures na segunda temporada. Até que alguém decidiu comer cogumelos mágicos, bater com a cabeça na parede ou fazer uma lobotomia. O fim é qualquer coisa de trágico!

Resumindo: a Carrie e o Aidan reecontram-se e desta vez é “para sempre”.

Mas tal como uma bela rosa vermelha e perfeita a olho nu, esta relação tem um grande espinho (achávamos nós que era só um): o apartamento da Carrie. O Aidan, por traumas e memórias infelizes, recusa-se a entrar nele. Então, uma vez que ele já não mora em Nova Iorque, sempre que está lá, os dois ficam em hotéis e etc. A relação corre tão bem, que a Carrie vai até ao campo conhecer a casa e os três filhos do Aidan (já divorciado faz tempo).

Tudo corre sobre rodas e a nossa rainha decide “vou vender o apartamento!!”. E assim o fez; a sua amiga Seema ajudou-a a encontrar uma nova casa, bem maior, para poder receber o Aidan e os seus rapazes e começar do zero. Um novo capítulo. Nesta nova casa, ele já pode entrar; é a casa deles.

Mas claro que estava fácil demais; aliás, tudo na vida da Carrie foi fácil… para ficar com o Big foram só precisas 700 vezes para o mesmo lhe partir o coração até se casarem. Por isso, é mais do que lógico que assim continue… Mas agora a sério, uma personagem egoísta e imatura como era a jovem Carrie, quando verdadeiramente se verga e torna gentil, altruísta e sensata, deve ser punida?!? Não faz sentido, e é triste e injusto até mesmo para quem está a assistir.

A série acaba com o Aidan a pedir ao amor da sua vida que espere cinco anos por ele, só cinco anos. Até o filho mais novo fazer dezoito. Depois, pode dedicar-se ao amor. Sim, estão a ler bem e sim, a Carrie sugeriu ser ela a ir para o campo. Mas ele quer dedicar-se ao filho, àquele filho só (mais vale pôr os outros dois para adopção porque podem atrapalhar no processo).

A ex-mulher do Aidan refez a sua vida, mas ele não pode fazê-lo porque o filho adolescente faz birras que quer o pai, mesmo quando é a semana de estar na mãe. Eu sou filha de pais divorciados, casada com um homem que é pai de dois e divorciado. Pai feliz, criança feliz. Estou errada? Estou eu em ácidos? Este fim de temporada só é comparável ao tenebroso final do GOT. Deixarem a Carrie assim, viúva e sozinha numa nova casa, sem o seu apartamento-alicerce.

Há tanto de bom para falar da Miranda, do Steve, da Che, mas o fim estragou tudo. Perdi a alegria de seguir uma série que já só mais não é uma tentativa falhada de ressuscitar uma obra-prima de um século que já passou.

Tentando não acabar numa nota negativa, gostei de muitos episódios, bastantes mesmo. A segunda temporada está melhor e mais ao encontro do que uma fã da série original esperaria. Há vida para além da Carrie. E há muitas gargalhadas pelo meio. Mas o fim… o fim!! Eu ainda não me recompus desta tragédia grega em terras do tio Sam.

Só há uma conclusão possível: também não é o Aidan! Não há duas sem três. Que venha ele, o derradeiro príncipe encantado que perceba que a Carrie só precisa de colo, colo e muitos, muitos sapatos.

XXX