Muitas foram as vezes que me perguntaram como definia o meu estilo. Parece uma pergunta simples de responder, sou eu que me visto e que compro a minha roupa, logo, o que me motiva a comprar o que compro e a usar o que uso deveria ser de resposta lógica e prática. Contudo, eu sou um ser muito complexo, logo, as minhas respostas (na minha cabeça) também o são. Para facilitar, respondo sempre que a minha maior fonte de inspiração é a música, o cinema e que, no limite, o meu “estilo” é livre.
Sempre defendi que gostava de me vestir de acordo com o meu mood. Se acordar e me apetecer ser uma Stevie Nicks, senhora dos sonhos, rainha do misticismo, assim o será. Mas se me apetecer focar numa Anna Chlumsky no seu papel no filme My Girl, vão encontrar-me de denim shorts, all stars e uma basic (not so basic) tee.
Acho que o meu estilo nunca mudou muito ao longo dos meus anos. As minhas referências são muito fortes e o meu sentido estético é muito empowered pelos anos 70 e 90.
Como referi, a música é mesmo o ponto de partida. Consigo associar a minha maneira de me vestir consoante o que ouvia com a respectiva idade. Para começar, aos 13 ouvia Spice Girls e a Baby Spice era uma referência absoluta. Usava sandálias brancas de plataforma, vestidos curtos, pequenas carteiras e óculos de Sol, just like her. Aos 15, descobri os Garbage e a Shirley Manson passou de fav sing leader a musa inspiradora número um. Com ela, entrei no mundo do Grunge. Meias de rede, combat boots, usava mais preto e, obviamente dun dun (!!) cabelo vermelho. Pintei o meu cabelo de ruivo entre os 15 e os 22. E nesta altura, a minha variedade musical, no grunge, era mais forte do que eu. Vivi os 90’s fortemente porque os 90’s fizeram-me e explicaram-me em letras, filmes e séries, que tudo o que eu sentia, toda uma geração sentia comigo.
Apesar de me estar a focar nos 90’s, é importante reforçar que eu nasci em 1982 numa casa cheia de vinis. Jim Morrison, Freddie Mercury, Michael Jackson, David Bowie, Pink Floyd, Nick Cave etc, etc. Lembro-me de ser fanática, ainda o sou, pelo Michael. Apesar de todo o drama actual à volta da sua pessoa, fiquem comigo nesta linha de raciocínio, estamos a falar do artista, do criador, do melhor dançarino do mundo. Entre todas as suas fases, é-me quase impossível escolher uma preferida. Vejamos: Red leather jacket, luvas de lantejoulas, meias brancas com sapatos pretos, fivelas, presilhas, fechos e chapéus, o que dizer? As suas facetas foram inúmeras. Reinventou-se infinitas vezes e todas elas eram brilhantes, desruptivas e inovadoras. Poderia falar horas do Michael, mas não o posso, nem quero, tornar o ponto fulcral do post.
Tal como o MJ, também o Freddie Mercury me fascinava. A sua irreverência, e por vezes o seu minimalismo meticuloso inspiravam-me imensamente. Acid jeans + tank top branco + braçadeira + sneakers e POW. Mas miúda, são só uns jeans e uma camisola branca sem mangas que todos os homens usavam como underwear. Não, não é só isso. O Freddie esteve sempre na ponta do iceberg, em fatos inteiros de lantejoulas, plumas, textura, tudo no Freddie (e na verdade, em toda a banda) era fantástico, grande e impressionante.
A minha fase preferida é, sem sombra de dúvida, os late 70’s e a sua irreverência glam rock com um toque Persa, diva AF e loucura, porque, o que é de um grande artista se desprovido de loucura?
Entre tantos músicos que mereciam ser mencionados destaco a Stevie Nicks, a Pj Harvey, a Cher, o Kurt Cobain, a Courtney Love e a M.I.A. A M.I.A quando eu tinha 22/23 foi um tremendo e forte abanão no meu estilo pessoal. Acho que é a diversidade cultural e a necessidade de ser bigger than life que me faz adorar e vibrar com a magia que é o dress up.
Se falei só de música até agora, hold your horses, vêm as Olsen Twins!! Go figure… Back to circa 2009 eu era viciada no blog Olsens Anonymous e os seus looks “boho/ I don’t care, but I care/ I don’t care, and I really don’t care/ I can do whatever” eram uma lufada de ar fresco numa altura em que a moda estava desinteressante e em mutação. Afinal de contas, era o fim de um década.
Para além das gémeas Olsen, também muitas modelos fizeram (e fazem) parte da minha lista de célebres style queens. Começar com a Kate Moss é um cliché? Que seja. Ninguém bate o glam da Kate. A Kate é mesmo digna de um só post em seu nome, de uma biblioteca de imagens de outfits diários e de festa. Rainha das rainhas, o seu lugar está assim bem no pódio e intocável.
Já mais tarde, a Alice Dellal veio abanar-me e lembrar-me das minhas raízes grunge e mais dark e mostrar-me que posso, e devo, ser fiel aos meus instintos sem me prender a idades, estereótipos ou estigmas.
Bem sabemos que na nossa sociedade a roupa não é só roupa. A moda é um Movimento tão ou mais importante que outro tópico de cultura popular. A moda move e une pessoas, é controversa e acompanha as mudanças de gerações. É na moda que vemos a evolução e abertura de mentalidades e capacidade artística.
Sou defensora que a roupa é mesmo a nossa segunda pele, é a pele que escolhemos (e a que podemos escolher), e como tal, que grite tudo o que somos por dentro.