Foi na Primavera de 2008 que eu comecei a consumir blogs de moda e beleza. Sentava-me em frente ao computador, com o meu pequeno-almoço, e corria a lista de todos os blogs que seguia na altura. Blogs de moda franceses e blogs de beleza brasileiros. Isto deixava-me inspirada para o resto do dia, tinha em mim um efeito de serenidade mas também um boost de motivação.
É preciso ter em conta que em 2008 o Facebook, o Instagram e o Snapchat não faziam parte do quotidiano. Ok, o Facebook já fazia, mas não com esta dimensão. As redes sociais são, para mim, a pior invenção da internet. Quem me segue nelas sabe que tenho conta aberta no Snapchat mas que nunca a uso, tenho Facebook mas que só lá vou de 6 em 6 meses mudar a foto de perfil e algumas vezes, nem todas!, deixar o link do novo post na página do blog. A única rede social que uso é o Instagram. Gostei automáticamente dele. Gostei dele como só havia gostado, amado até, o defunto MySpace. Contudo, como tudo na vida, até o meu adorado Insta se rendeu aos likes e mensagens privadas. Porque não podemos apenas partilhar imagens e deixar emojis? (ok, tenho de me rir) Porque tem tudo de se resumir a interação absoluta, fácil e despropositada?
Já devem ter percebido que sou zero de seguir o que partilham na “comunidade”. Se alguma “amiga” ficar grávida e o anunciar no Face, honey… I will never know! Mas esperem, claro que vou saber, alguém me vai contar. As coisas que se partilham nas redes sociais são conversa à mesa de café, em chats no whatsapp e etc etc. Quando eu na verdade só me interesso pela vida das pessoas que gosto (e que tenho o número de telefone, salvo raras excepções). Não me interessa, mesmo, zero, o que A, B ou C faz, come ou sequer pensa e filosófa num post às 5 da manhã.
E eu sei que tudo tem o seu tempo, que os blogs já tiveram o seu. Mas acho que só o deixaram de ter por culpa das redes sociais, dos Instabloggers e da facilidade com que as pessoas querem consumir conteúdos.
O engagement de uma foto no Instagram de uma rapariga que não sabe escrever 2 parágrafos legíveis, mas que tem 50k é valorizado mais que um post de uma pequena blogger com apenas 5k mas com sentido de estética e bom gosto. Porque o bom gosto nem sempre é relativo. Nudez dissimulada, beicinhos e rabos não são bom conteúdo, são talvez falta de atenção, objetivação do corpo e caça ao like. E tudo se mistura e é muito difícil distinguir, entre tanta informação, o que é o que. É mesmo, muito difícil uma blogger que não gosta nem usa redes sociais safar-se.
Toda a gente me diz “Não podes acabar como o Facebook”. Mas eu quero muito. Mesmo que isso implique ter menos parcerias e menos visualizações. Eu tenho ansiedade só de fazer login e ver tanta informação no feed. Existe fobia de redes sociais? Eu acho que tenho. E tenho, absolutamente, saudades da calma que era viver antes. Sem pressão, e onde eu controlava e via apenas o que queria ver, ler e consumir. Onde um post de um blog não era seguido de links de Pinterest, Tumblr, Twitter, Snapchat, Facebook e Instagram. Acho que partilhamos demais as coisas erradas e nos esquecemos do que realmente importa . Esquecemo-nos até de quem realmente somos, de onde viemos e o que viemos cá fazer.

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Foto Diana Serpins

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