Mais um ano a completar-se diante de nós; acho que desde a pandemia, não tinha vivido uma fase assim tão dura. Pode-se mesmo dizer que 2024 não foi para os fracos, para os vencidos, nem sequer para os mais esperançosos.
Desde todo o panorama mundial até à minha pequena bolha Actimel, não dá para enumerar a quantidade de aventuras e aflições que tomaram conta dos meus dias. De certo, todos sentimos o mesmo; que o ano que nos deixa foi violento, duro e que nos ensinou desmesuradamente a lei da vida.
No meu caso concreto, foi mais a lei da morte. Mas não há morte sem vida, e se a morte custa é porque essa vida valeu a pena. E se valeu a pena, todo o sofrimento é apenas lógico, dentro da desordem da condição humana.
“Eu não quero mais sentir esta dor!”, rezo comigo entre um choro que me atravessa e corta. Mas eu sei que agora, sentada na minha cama, com a noite a chegar e um pequeno zumbindo do ar condicionado, agora eu sei que essa dor é precisa. É uma dor que me segura e assegura que só quem sente tudo assim, em esteróides e sem prevenção, é que sabe viver. Sim, é preciso cautela… mas a sério? Eu não escrevo para embelezar ecrãs, muito menos sondar o bom senso. Escrevo porque preciso de exorcizar as inquietações que habitam em mim. Preciso também de me ir lembrando de quem sou, do que sou feita e pelo que vivo.
No dia 1 de janeiro de 2025, nada vai mudar. O meu nome continua a ser o mesmo e a minha residência também. Só uma coisa pode mudar; a minha mente. Posso levá-la a outros destinos e quimeras e fazer com que cada dia conte.
Nesta quarta-feira, é o início de mais uma volta em torno do Sol. A Terra gira sobre si própria e nós, seus filhos, dia após dia, igualamos o seu costume. Giramos sobre nós ao redor dos que amamos e dos que partiram com o barqueiro.
Giramos e sonhamos, este ano, o próximo e sempre, porque todos sabemos, e é mais forte do que nós, que parar é morrer.
Que 2025 nos traga saúde e união. Peguem no vosso caderno mental e anotem o primeiro ânimo. Peguem nessa força, prendam-se a ela e, como a Rose prometeu ao Jack, prometam à vossa criança de 9 anos: “I,ll never let go, I’ll never let go.”
“I promise.”
Piroso? Olhem que consigo ser bem pior. Não acreditam?
-Consigo tudo.