E cá estamos nós, mais uma vez, a falar sobre estilo pessoal. Quantas publicações podem ser feitas sobre este tema, quantas vezes são demasiadas vezes? Para mim, nunca.

Podemos começar pelo óbvio, a roupa é a nossa segunda pele, a pele que escolhemos e que serve não só para nos aquecer, como também para nos consolidar. E é nesta linha de pensamento que quero manter o texto: a roupa enquanto forma de nos manifestarmos e nos fazermos ver e ouvir (porque a escolha da nossa vestimenta diz muito sobre nós).

Desde muito nova sempre soube o que queria usar. Saias, muitas saias e sabrinas de verniz. Uma pirosice em esteróides. Mais tarde, a partir dos 9, comecei a ficar mais revoltada com a vida (como qualquer criança de 9 anos fica). A manifestação do meu crescimento veio em formas variadas; sendo uma delas o tornar-me mais rebelde a vestir.

É interessante aperceber-me da quantidade de registos pelos quais passei em diferentes fases da minha vida. Especialmente porque tenho tudo memorizado em fotografias desde os 15 anos. Escolhia 3 ou 4 looks e gastava um rolo de 36 fotos a fotografar os mesmos. Parece que, de alguma forma, já era blogger sem o saber. Não de uma forma “uau que original”, mas mesmo, genuinamente, por puro amor à arte de criar outfits e brincar às bonecas na vida real.

Mas vamos passar para o hoje e o agora. Com 2024 a acabar, sinto uma necessidade de mudança gritante. E eu gosto disto, de me saber ainda tão inocente perante as escolhas. Que tédio seria termos tudo decidido desde tenra idade e existir em modo robot. A sério, gosto destas transformações internas que vão acontecendo. Gosto de as aceitar e de as ouvir.

Durante uns valentes meses, quase anos, senti necessidade de sossegar o meu lado mais atribulado e compensá-lo com saias fluídas, laços e um cunho muito feminino. Foi não só necessidade, mas também vontade de me conectar mais com a terra, literalmente. Com a terra, as árvores, os animais; o campo. Gosto de descrever esta minha fase como “A Anita vai à casa na pradaria”, mas mudando o nome Anita para Joana, obviamente.

Ainda estou nessa fase, ainda vivo no campo e ainda preciso de me sentir vinculada ao mesmo. Contudo, cresce em mim uma vontade diária de ser mais experimental. De brincar mais com peças diferentes, de explorar outros registos, outras épocas, outros lados da minha natureza.

Dou comigo a pensar que quanto mais lojas vintage e mais feiras de antiguidade visito, mais inspirada fico. É como que o meu refúgio da saturação visual do Instagram e do Pinterest onde todas as pessoas se vestem da mesma forma.

É normal haver tendências e certas peças e cores estarem na moda. É normal e sempre existiu. Mas de uma forma muito estranha, parece-me que na internet ninguém tem a sua abordagem genuína de uma tendência. Ninguém pega numa cor e a torna sua. Parece que há um modelo de “como usar” e esse modelo é usado e repetido até à exaustão e consequente desinteresse do mesmo. Estilo… hmmm todas quererem ter aquele ar pré-construído e fazer um copy and paste do mesmo.

Quanto mais internet consumo, menos inspirada fico. Isto faz sentido para vocês? Juntando as tendências de moda com as de pequenos retoques faciais de fillers e etc, caminhamos para uma existência sem originalidade e aventura. Sem riscos, só certezas repetidas.

Portanto, já sabem, estou a entrar na minha era Glam Rock/ Time Machine estilo David Bowie versão comum mortal. Preciso de fazer uma intensa análise ao meu roupeiro e ver o que de facto não tem lugar e precisa de ir vibrar para outro lar. Ok, as rimas não foram intencionais. Talvez seja apenas impossível mencionar o Bowie e não acontecer magia.

 

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