De uma forma inacreditável, passaram seis meses desde a última vez que vos escrevi.
Nunca deixei de escrever por falta de tema, ou de vontade. Apenas (exactamente como agora) vos escrevo num backoffice tão complexo e diferente, que eu própria não tenho força para encarar tamanha mutação na arte de me poder expressar. Contudo, e provavelmente de forma desorganizada e torta, cá estamos, a tentar.
Em cada parágrafo que faço, aparece-me “choose a block”. Meu Deus, não me digas que vou começar a usar a tão temida expressão “no meu tempo” era tão diferente e melhor.
As coisas mudam, logo, a tecnologia também. Mas o que não muda é a minha fraca essência para dizer o “não”. Pois é, começo a primeira publicação com uma partilha que facilmente se poderia tornar numa sessão de terapia.
Como dizer não, como evitar prolongar o nosso desconforto? Enquanto vos escrevo confesso-vos, estou farta de visitas em casa. Isto de vir morar para o campo tornou os meus (e os do Hugo) verões insuportáveis de ativos. Não tenho tempo para existir no esplendor de uma tarde de sol na piscina sozinha.
Adorava poder partilhar todos os detalhes, infelizmente, sei que vai cair nas mãos e assentar (o barrete) a muitas pessoas que me lerão.
Fico triste e vivo um bocadinho triste. As pessoas dão demasiado valor às “amizades” e desvalorizam a importância de se respeitar a verdadeira essência da pessoa que supostamente é nossa amiga (eu).
A casa e as cabras existem, igualmente, no inverno. Mas no inverno ninguém vem cá. Mesmo este texto, só vos consegui escrever agora mesmo, segunda-feira de manhã. Ainda está quente e flameja.
Sempre quis ser a fixe, sempre quis isto. Agora só quero ser generosa com a minha sanidade. Quero dias vazios para os preencher com o meu trabalho. Não quero mais ser anfitriã, tratar dos animais à pressa e descuidar o meu caminho. Eu tenho um propósito. Este setembro será o início de uma escolha egoísta e necessária. É a minha versão do regresso às aulas.
Não me peçam calma, não digam que sou sortuda. Cada vez mais, a minha casa é o meu santuário e isto arrasta-se à casa do meu avô. Lá, vejo as paredes chorarem. Olha avô, já viste? Casa cheia e não conheces ninguém. Desculpa-me e dá-me força, porque eu preciso de toda. Se não por mim, por ti e pela avó. E está feito, desabafei e choro, mas vou erguer-me e seguir o meu rumo. Próxima segunda-feira cá estaremos; com um tema diferente e mais relevante.
Obrigada por me lerem, eu sou mais feliz convosco. As pessoas que nunca me olharam nos olhos, são as que mais me aceitam e entendem; como almas gémeas dispersas de norte a sul.