Sabem aquelas pessoas que têm apenas uma energia super positiva e com as quais há logo empatia? Aquelas que sabemos que são cool people hands down. O Dave Grohl é uma delas. The Storyteller: histórias de vida e de música é mais do que uma autobiografia, é património mundial dos amantes de música. Não precisam de ser fãs de Foo Fighters para pegar neste livro e o lerem em 2 dias. Eu não o sou. Aliás, acho que nunca ouvi mais do que 2 canções seguidas da banda. “Conheço”, no entanto, o Dave e projectos em que participou e, obviamente, o que todos sabemos: ter sido o baterista dos Nirvana.

Claro que há muito legado da banda no livro, mas este não se foca excessivamente nela, ou à volta do facto do Dave ter pertencido à maior banda do mundo. O facto de ele ter feito parte dos Nirvana é só mais um detalhe sublime entre tantos outros. O livro começa com ele em criança e a sua introdução no mundo da música. Um puto dos subúrbios que tocava bateria com as almofadas e o maxilar (isto faz mais sentido depois de lerem o livro). O Dave cresceu a ouvir os gigantes, a idolatrar e respeitar os seus mestres e até mesmo a tocar com os próprios. Não é qualquer miúdo de 17 anos que se pode gabar de integrar a sua banda preferida (Os Scream) e de ter partilhado o palco com o Iggy Pop aos 21. As histórias que ele nos conta, em primeira pessoa e com muita emoção, fazem-nos sentir capazes. Capazes de tudo! Capazes de tornar os nossos sonhos em realidade, agir, agir e resistir. Na sua vida, nem tudo, quase nunca, foi um mar de rosas. Ou então até foi, mas cheio de espinhos e obstáculos. Dormir no chão, sobreviver a comer 3 corn dogs por dia e não ter o amanhã como garantido que tudo será igual. Não se segue um sonho por este nos proporcionar conforto ou aconchego. Fazêmo-lo exactamente pelo oposto; queremos quebrar o circulo, queremos viver no limite e, acima de tudo, sentir que estamos a viver a nossa verdade.

Ler o Dave foi uma lufada de ar fresco. É, possivelmente, uma das melhores autobiografias que tenho lido. O gerar-se à volta da música e da “minha” música ajudou bastante no processo. É que o bacano escreve bem para caraças!

Não pude deixar de me sentir um bocadinho como ele. Também eu cresci nos subúrbios a ouvir punk rock e sinto que ainda sou aquela miúda de 17 anos cheia de sangue na guelra que encontra na música o seu refúgio.  Sempre que acabava ou fazia uma pausa no livro, tinha de pôr The Stooges, Led Zeppelin ou Nirvana com o volume no máximo. É esta a energia que o livro me transmitiu: adrenalina máxima e, acima de tudo, boa vibe.

Já ouviram rock hoje? Afinal, também o podem ler, e este livro é a prova disso.

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