Isto de ficar sem escrever 1 semana, facilmente se torna num mês. E, num piscar de olhos, quase em 2. O que é feito de mim? Por onde tenho eu andado e, como tenho eu passado?
Entre viver uma pandemia, estar a morar temporariamente num pequeno quadrado em plena Tomar e ter uma casa em construção, há ainda espaço para muitas aventuras emocionais. Num turbilhão delas, dei comigo a repensar a minha maneira de viver os dias e, a tentar ensinar-me e aprender a viver para o hoje. O hoje não é o amanhã e, muito menos é o ontem. O hoje é o momento presente, o deleite puro de nos sabermos vivos e plenos nesse instante.  A ansiedade maldita é a culpa de tudo isto. Uma inquietude constante à qual tenho tentado encontrar resposta. Mas atentem, está tudo bem, no limite, está tudo bem. Estamos vivos, não estamos? E os vivos coabitam em comunidade, mesmo em pandemia. E nessa comunidade, neste caso, chamada Tomar, muitas são as pequenas e bonitas histórias que tenho para partilhar.

Morar numa cidade do interior é novo para mim. Habituada a viver na capital, existem pequenos pormenores comportamentais aos quais não consegui resistir a sorrir e a pensar para comigo “que ternura”. Assim sendo, escolhi algumas situações para partilhar com vocês.

Deitada na cama a percorrer alguma coisa no meu telefone, ouço vozes de homens a rir e a conversar. Movo-me para a janela e observo 3 homens, com indumentária exemplar, nos seus avançados e respeitosos setentas. Eis que, neste preciso momento, passa uma velhota já inclinada da idade. Ao vê-la passar, um desses senhores, recolhe o seu chapéu e, em gesto de cortesia com uma mão ao peito, faz uma pequena vénia à “menina” que graciosamente se demora no instante descrito. Este pequeno gesto deu comigo a sorrir incessavelmente.

Comprei um cinto de pele da minha adorada & Other Stories. Indecisa entre o S e o XS (nota: é o XS), comprei o S e precisei de um furo extra. Nesta demanda, procurei um sapateiro no centro histórico. Sentado ao fundo do seu memorável espaço, um senhor de poucas palavras fez-me o furo. Enquanto pegava na minha carteira, anunciou-me de forma paternal “não é nada menina!”. Entre “vá lá” e “obrigadas”, deixei-lhe um euro para um café e saí, a sorrir, do estabelecimento.

Coisa parecida aconteceu-me quando fui comprar um tecido para fazer um piquenique; já em fase de vendas ao postigo, avisto na montra rolos aos quadrados dignos de uma mesa tradicional e pitoresca. Escolho o de fundo amarelo e enquanto o elogiamos, digo ao vendedor que é para o fotografar e acredito que ficará lindo. Eis que o homem pousa a tesoura e grita “Ó menina leve o rolo, faça a foto e devolve-mo; não precisa de gastar dinheiro”. Só me deixou pagar quando lhe prometi que iria mesmo fazer uma toalha posteriormente com o tecido e não seria só “um momento para uma fotografia”. Promessa cumprida: 6 euros de tecido mais 5 euros de bainha fazem a toalha amarela que percorre a minha conta do Instagram.

Estas 3 histórias são uma síntese exata do meu viver no interior. A bondade diária e o fascínio absoluto pela humanidade e, desta forma, a retoma da confiança na mesma.

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