Damos por nós sem desculpas para adiar, mais uma vez, determinado objectivo. Nada, para além de nós mesmos, nos impede de dar o passo extra no caminho da resolução de uma tarefa.
Com a Covid, veio a solução para todos aqueles momentos em que pensámos “tenho de ver este filme”, “tenho de começar esta série”, “tenho de explorar mais o trabalho de banda X”.
Dei então comigo a fazer uma lista de livros que quero ler, filmes que tenho para ver e, também, publicações para escrever, aqui, no blog. A esta lista, juntei, também, artigos que tenho, ainda, por comprar para a casa nova.
Isto de decorar um lar durante uma pandemia não é tarefa para meninos. Móveis vão chegando e sendo armazenados, espalhados em diferentes locais da casa do meu pai e, muitos, sem serem abertos. Tenho cadeiras, loiça e móveis dos quais as caixas não abri e poderá lá nada estar a não ser pedras, porque terem peso, lá isso têm. E poderão, ainda, serem feios que nem bichos, porque na verdade das verdades, foram comprados online e nunca lhes pus os olhos em cima.
Não obstante, sinto que na minha cabeça tudo faz sentido. Tenho alinhado o local de cada peça, a sua função, o seu encanto, o seu poder. O sofá, os quadros, a estante. O vaso grande colocado ligeiramente mais atrás do vaso pequeno, aquelas três velas nos castiçais ainda por comprar… tantas as ideias, tantos o sonhos, tão imensa a planificação dos mesmos na minha mente.
E assim me entretenho e ocupo as horas que parecem dias em dias que parecem noites. Porque o sol é escasso e este janeiro trouxe mais chuva que os demais. Vivo num vórtice de pensamentos que me dão aquela força extra para continuar e para acreditar. É que este tempo que vivemos não é fácil. O ficar em casa parece simples até não o ser, até não haver mais que paredes, tédio e medo. Porque nem todos os dias são fáceis, mas felizmente, para mim, a maioria deles o é. E porque, no limite, estamos em casa e não numa cama de hospital.
Todos temos as nossas lutas, preocupações e conflitos. Mas o maior de todos é o conflito interno, aquele com nós próprios. Esta pandemia trouxe-nos tempo a mais para nos analisarmos, para nos compreendermos e, até, para nos descobrirmos. Nunca tive verdadeiramente medo do meu fundo, e, quase lá perto vejo que gosto de mim, gosto da minha verdade, das minhas cores e do meu jardim. Um jardim com algumas flores mas com imensas árvores. É na sombra delas que sei que quero caminhar. Um caminho feito com esperança, 5 minutos diários de lágrimas, compras online e uma boa dose de humor. É que sem rir nada disto faz mesmo sentido.

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