Vejamos então, comprei uma camisola de lã na & Other Stories em Berlim e foi só. Foi somente o que comprei de roupa nesta viagem. Normalmente, como estamos em saldos, a tendência seria comprar meramente pelo facto ridículo de “estar super mais barato” e pior, “o dinheiro que estou a poupar ao comprar com este desconto”. Mas não estou nunca a poupar se na verdade não tinha intenção de comprar aquela peça, ou nem estava à espera que chegassem os saldos para a adquirir sem ser em full price. Este comportamento não se coaduna com a nova postura que decidi adquirir para a nova década. Como vos falei em posts anteriores, preciso, necessito, é urgente tornar-me mais consciente das minhas compras e não deixar que o meu consumismo seja mais forte que a minha vontade de mudar. Porque esta mudança é necessária e decisiva.

Cansei de me sentir culpada e fútil. Cansei. A sensação de me desfazer de roupa,  muitas vezes já não é libertadora mas assustadora. Como posso eu ter deixado esta situação ser assim, digamos, doentia. Fiz este exercício para comigo, sozinha, no closet: Peguei em cada peça e perguntei “compraria esta peça outra vez?” e surpreendentemente, posso afirmar que para mais de metade a resposta foi “não”.

E o problema não reside na resposta ter sido não, mas o porquê, então, de a ter comprado de todo?! Porque comprei eu algo que não me fez sorrir imediatamente que olhei para a peça? Sim, isto aconteceu com algumas roupas, olhar e sorrir. E isto sim é normal, peças que amamos, que serão sempre um “hell yes” e que foram compradas com critério, sensatez e bom senso.
E comprar com bom senso é mesmo como a expressão implica, usar o bom senso. Saber se estamos a comprar algo porque verdadeiramente gostamos ou se apenas estamos a seguir uma tendência que nos foi imposta tantas vezes nas redes sociais que achamos que precisamos mas na realidade não. Não só não tem nada a ver com o nosso próprio estilo pessoal como é somente um acessório passageiro de mais uma trend de mais uma fast fashion store. Que se passa connosco para sermos tão facilmente influenciáveis?

O meu “would I buy it again?” vai ser a frase a ter em repeat sempre que comprar algo. Perguntas a fazer: Vou usar quantas vezes, com o que eu vou eu coordenar esta peça, quantos anos me vai durar, é uma peça clássica que pode existir sempre sem ficar fora de moda e, o mais importante, voltaria a comprar?

Não vamos viver só de básicos, mas um casaco azul metálico pode ser visto como um investimento se o azul e os metálicos são a nossa cena. Nem só de bege e preto vive um closet consistente.

Façam este exercício com a vossa roupa. “Voltaria a comprar?” para cada peça. O resultado é, com toda a certeza, revelador.

((Camisola comprada em Berlim na & Other Stories com 50% de desconto e debaixo de olho desde Novembro de 2019))