Com a velocidade que consumimos moda, séries, música e informação, pouco é o tempo que resta para contemplar e de facto apreciar algo no seu todo e sem pressas da próxima cool thing.
Podia falar só de moda, em como a indústria da moda nos faz pensar que precisamos, todas as estações, de um casaco novo, mais um preto, mas com aquele detalhe diferente.
Podia, ainda, só falar das redes sociais, e da quantidade de vidas perfeitas que nos invadem o telemóvel. Uma quantidade absurda de informação, publicidade e demasiados influencers em todo o lado.
Eu não sei como seria se, hoje, fosse adolescente e vivesse nesta Era. Não sei mesmo como seria a minha pessoa de 14 anos agora, mas talvez viveria num desassossego de aceitação. É inevitável, acho, a comparação entre os jovens (e até mesmo entre os adultos) e é inevitável a frustração.
Há uns tempos dei comigo a tentar fazer este exercício, pôr o meu iphone em modo avião às 22h. Óbvio que de manhã comecei a perder IMENSO tempo a explicar porque tinha eu o telefone desligado, porque não respondi eu, porque não dava a mensagem entregue. Toda uma azáfama que gerou mais ansiedade que a que me motivou a desligar o telefone. É tudo tão rápido, acessível e automático que não há espaço nem tempo para respeitar o nosso tempo, o nosso timing e o que o corpo nos pede. Tudo é fast e tudo é mau. Fast fashion, fast food e fast love. E eu não procuro nenhum dos três.
Das redes sociais passamos para os relacionamentos. Eu namoro desde os 15, logo, apanhei várias épocas. Desde a que se tinha de ligar para casa e poder ser a mãe a atender, até aos dias de hoje onde, supostamente, devíamos estar mais ligados mas só que não. Podemos até sair e conviver, mas é no digital que tudo se passa, o flirt, o início e, muitas vezes, o fim. Seja por culpa da distância física ou, mesmo, emocional. O respeito e os valores perderam-se entre os likes e a oferta tipo catálogo que o Instagram entregou ao Homem. Atenção, acredito ainda no amor, mas só porque sou uma romântica incurável. Acredito, também, na importância de nos rodearmos daqueles que verdadeiramente nos compreendem e preenchem.

Deixo este pequeno manifesto para, hoje, fazermos algo de diferente e de melhor. Seja o contactar alguém que temos descuidado mas que adoramos, seja o ir comer um gelado e não o fotografar para o Instagram. Estes pequenos clichés são mesmo baby steps na conquista de uma harmonia interior. Se sofrem, como eu, de excesso de século XXI e ficam nostálgicas a ver a série 1986, a Stranger Things ou os Goonies, hoje é o dia para fazer algo para quebrar a barreira do fast everything.

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Photographer Diana Serpins/ Edit Hella